A onda T representa, no eletrocardiograma, a repolarização ventricular.
Geralmente o registro é de uma deflexão arredondada e lenta,
habitualmente com polaridade igual a do complexo QRS. Normalmente, a
onda T é assimétrica, com ramo ascendente lento e descendente com maior
inclinação.
A presença de onda T apiculada, positiva e simétrica ou inversão de onda
T associado a uma história de precordialgia pode sugerir isquemia
miocárdica, como no exemplo abaixo.
Distúrbios hidroeletrolíticos podem também alterar sua morfologia, como a hipercalemia, conforme mostrado na figura abaixo. Esse é o ECG de admissão de uma paciente com potássio de 10,2mEq/L. Notar que a onda T neste caso tem um aspecto apiculado ou em tenda. Além disto, observa-se outras alterações comumente bvistas na hipercalemia como o alargamento do complexo QRS e o achatamento da onda P. Tais achados são facilmente notados quando comparamos o primeiro ecg, em vigência de hipercalemia, como o segundo exame, após a normalização do potássio.
Dica: hipercalemia com alterações
características de eletrocardiograma como vistas acima é considerada uma
emergência médica. O paciente deve se monitorizado e além das medidas
habituais para jogar o potássio do meia extra-celular para o
intra-celular (ex: bicarbonato de sódio, glicoinsulina e inalação com
beta agonista) e de expoliação do potássio corporal (furosemida, sorcal,
etc) deve receber imediatamente gluconato de cálcio IV. Este não altera
os níveis séricos de potássio mas estabiliza a membrana celular,
atenunado as consequências eletrocardiográficas da hipercalemia, ao menos que momentaneamente.
Uma outra situação que pode levar a alterações da onda T é lesão
cerebral aguda, que pode causar disfunção autonômica intensa. As "ondas T
cerebrais" são ondas T gigantes, negativas e difusas, em geral
acompanhadas de desnivelamento de ST e aumento do intervato QT. Segue um
exemplo de uma paciente internada com um quadro de acidente vascular
cerebral hemorrágico extenso.
Pergunta rápida: é possível observamos ondas T negativas no ECG de indivíduos saudáveis? Sim! Ondas T negativas são consideradas normais se ocorrerem em:
1- aVR
2- DIII
3- V1
Além disso, pacientes jovens afrodescendentes saudáveis podem apresentar
ondas T negativas de V1 a V4 precedidas por um segmento ST convexo.
Dica - ondas T negativas em paredes lateral ou inferior, mesmo em
pacientes jovens, sempre deve levar à investigação de cardiopatia
estrutural (ex: cardiomiopatias).
Há várias doenças que causam inversão da onda T no eletrocardiograma
(ECG). Entre as principais causas estão a doença arterial coronária
(DAC) além de outras patologias de origem não isquêmica (ex: sobrecarga
de ventrículo esquerdo, tromboembolismo pulmonar). De forma prática,
como diferenciar se uma onda T invertida é de origem isquêmica ou não?
DICA: quando a onda T invertida for simétrica, ou seja, a parte
descendente e ascendente tiverem duração similares, pensar em
coronariopatia como causa. Já se a onda T for assimétrica (parte
descendente mais lenta do que a parte ascendente), pensar em outras
etiologias.
Exemplos:
Paciente com infarto sem supra de ST:
Paciente com sobrecarga de ventrículo esquerdo: